Treinamento funcional: qual a função?

Treinamento Funcional

Vira moda, vira fanatismo, vira panaceia! O conceito de funcionalidade é simples e é usado desde sempre no treinamento. Afinal, o objetivo de qualquer programa de exercícios é melhorar a função de algum sistema! No entanto, algumas pessoas tentaram se apropriar desse conceito e transformar em um produto que infelizmente vêm sendo usado de maneira equivocada por muita gente.

Há alguns acreditando que fazer acrobacias, treinar em desequilíbrio ou inventar exercícios é essencial para que as pessoas “funcionem” adequadamente e, pior, acreditam que isso seja uma boa forma de ganhar massa muscular!? No entanto, deve-se lembrar que o treinamento deve ser planejado para produzir estímulos e adaptações em um determinado sistema, ou seja, se alguém quiser potência, ganhar força ou massa muscular, não adianta querer treinar equilíbrio!

Por exemplo, em um estudo de 10 semanas, Cressey et al. (2007) compararam os efeitos de exercícios feitos em plataformas instáveis na performance de jogadores de futebol da liga universitária estadunidense (NCAA). Dois grupos de atletas realizaram o mesmo tipo de treino, com a diferença que um grupo realizava os afundos (lunges) em uma plataforma instável (discos infláveis) e outro realizava os mesmos exercícios no solo. Os exercícios eram os mesmos e as cargas relativas também, portanto, a única diferença foi a utilização da instabilidade. Ao final do estudo, as melhoras na performance foram maiores no grupo que realizou os exercícios no solo e houve diversos aspectos, como a potência no salto, que nem ao menos melhoravam com o uso de instabilidade. Isso fez os autores afirmarem que deve-se ter cautela ao aplicar tais implementos de forma generalizada, especialmente em pessoas treinadas.

Sim, o estudo é antigo e isso já é bem batido e consolidado por diversas organizações, tendo em vista que o uso da instabilidade prejudica a intensificação do exercício, o que compromete os ganhos de força, massa muscular e potência (Behm et al., 2010)… mas não é demais reforçar! Principalmente porque tem gente que insiste nessa abordagem “funcional”.

Andar em cordas bambas, se equilibrar sobre bolas, pular amarelinha, plantar bananeira com uma mão… isso é muito legal, mas não é treino de hipertrofia! Senão, os circos seriam cheios de fisiculturistas… Não vamos confundir as coisas: treino de hipertrofia é treino de hipertrofia, treino de força é treino de força e treino de equilíbrio é treino de equilíbrio.

(Paulo Gentil)

@drpaulogentil

Cressey EM, West CA, Tiberio DP, Kraemer WJ, Maresh CM. The effects of ten weeks of lower-body unstable surface training on markers of athletic performance. J Strength Cond Res. 2007 May;21(2):561-7.
Behm DG, Drinkwater EJ, Willardson JM, Cowley PM; Canadian Society for Exercise Physiology. Canadian Society for Exercise Physiology position stand: The use of instability to train the core in athletic and nonathletic conditioning. Appl Physiol Nutr Metab. 2010 Feb;35(1):109-12. doi: 10.1139/H09-128.

 

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