Core training no desporto
O treinamento da região “central” do corpo tem sido um assunto de grande e crescente interesse no meio desportivo, sendo atualmente um ponto comum entre todas as propostas de treinamento que têm por base a funcionalidade (treinamento funcional).
Entende-se que seja necessário, em primeiro lugar, fortalecer o centro para depois mobilizar as extremidades. Sendo o tronco a região central que faz a conexão entre os membros (extremidades), é cabível afirmar que uma região central fortalecida e estabilizada serve como base de suporte para a execução de movimentos mais eficientes dos membros (Bompa e Cornacchia, 2000).
Anderson e Behm (2005) salientam que a estabilidade do tronco é algo identificado como sendo crucial para o equilíbrio dinâmico de todo o corpo.
Em contrapartida, um pobre desenvolvimento da região pode representar um sistema de suporte deficiente para o trabalho intenso de braços e pernas (Bompa e Cornacchia, 2000).
Pensando nisso, desenvolveu-se uma metodologia de treinamento denominada core training ou treinamento do centro ou núcleo. Entende-se por core toda a região central do corpo, compreendendo as regiões lombar, pélvica e quadril.
A estabilidade do core ou core stability é compreendida na literatura de medicina do esporte como a capacidade de controle motor e produção muscular do complexo lombo-pelvico-quadril (Leetun et al., 2004).
Os músculos do core são os principais responsáveis pela manutenção de uma postura adequada dessa região, seja ela uma postura estática ou dinâmica, sendo que ambas as posturas são vivenciadas nas atividades cotidianas e esportivas. Portanto, seu treinamento se faz necessário para manutenção da saúde postural, evitando possíveis lesões e auxiliando no desempenho nas atividades.
Ao contrário do que muitos pensam, o fortalecimento da região do core não é uma tarefa difícil, e pode ser conseguido através de um treinamento simples. Antigos exercícios de musculação, como os levantamentos olímpicos (arranque e arremesso) são muito eficientes para essa finalidade e devem ser resgatados no treinamento desportivo.
Outra ferramenta muito eficiente, que antes era somente utilizada para a reabilitação física e o hoje invade o cenário do treinamento físico, é a instabilidade. Diversos estudos analisaram os efeitos da instabilidade sobre a ativação da musculatura do core e chegaram a conclusões positivas, principalmente quanto à ativação dos músculos profundos (estabilizadores) (Anderson e Behm, 2005; Marshall e Murphy, 2005).
Com base no respaldo que a literatura científica específica nos oferece, cabe a nós, profissionais de educação física atuantes no desporto, implantar essas ferramentas em nossas rotinas de treinamento, a fim de aprimorar o desempenho de nossos atletas.
Referências Bibliográficas
Anderson, K.; Behm, D.G. The Impact of Instability Resistance Training on Balance and Stability. Sports Medicine. 35(1): 43-53, 2005
Bompa, T.O.; Cornacchia, L.J. Treinamento de Força Consciente. São Paulo: Phorte, 2000.
Leetun, D.T.; Ireland, M.L.; Wilson, J.T.; Ballantyne, B.T.; Davis, I.M. Core Stability Measures as Risk Factors for Lower Extremity Injury in Athletes. Medicine & Science in Sports & Exercise. 36(6): 926-934, 2004.
Marshall, P.W.M.; Murphy, B.A. Increase deltoid and abdominal muscle activity during Swiss ball bench press. Journal of Strength and Conditioning Research 20(4): 745–750, 2006.
.: Cauê Vazquez La Scala Teixeira, formado em Educação Física (UNIMES);Pós-graduado em Fisiologia do Exercício (CEFE) e Treinamento de Força (UNISANTA);
.: Autor do livro “Musculação: desenvolvimento corporal global” (Phorte Editora);
.: Professor concursado da seção de avaliação física da Prefeitura Municipal de Santos; Palestrante em eventos da InForma, PRIME eventos, Prefeitura Municipal de Santos e eventos avulsos.