Volume de treino e níveis de lactato no LPO

Fisiologia & Nutrição, Levantamento Olímpico, Treinamento Força

Esse estudo de 2013 avaliou a resposta nas concentrações de lactato em três diferentes volumes de treino com o exercício de Power Clean: 3×3 (baixo); 3×6 (médio) e 3×9 (alto), sendo as cargas determinadas em percentuais de 1RM e ajustadas as repetições. O tempo de recuperação foi igual para todos os protocolos de 2min entre as série. O resultado (de maneira certamente esperada) foi que a concentração do lactato aumentou de maneira significativa conforme o maior volume de repetições do exercício.

O artigo é importante pois mostra que treinar potência vai além do tipo de exercícios utilizados. O uso do LPO e outros exercícios balísticos/ explosivos (ex: pliométricos) – que normalmente são escolhidos em fases específicas do treinamento dos atletas – quando realizados em grande volume de repetições não desenvolvem completamente o aumento da potência (a literatura já mostrou que não se desenvolve potência em estado de fadiga).

Como ensino no meu curso, o treinamento da potência é qualitativo, as repetições executadas tanto no LPO quanto na Pliometria devem ser de grande intensidade e com máxima velocidade e para isso acontecer durante a sessão de treino devemos manter o nível de fadiga reduzido através do controle do volume e recuperação completa entre as séries (por isso que o curso incluiu também a Periodização pois é parte fundamental do processo!!)

Hoje observo o aumento da popularidade do LPO utilizado como forma de preparação física e condicionamento dentro das academias. Fico extremamente feliz com esse crescimento pois é uma bandeira que ajudo a carregar desde 2003 e o site nasceu em 2006 com essa proposta: desmistificar e trazer a informação sobre o tema que sempre foi muito restrita em português.

No entanto quero ressaltar que – na minha visão – ao longo dos anos ministrando o curso observo que existe basicamente 2 tipos de erros que podem ser cometidos pelos professores responsáveis por aplicar este tipo de treinamento:

1) Erro técnico : esse é o mais comum e fácil de resolver. Todos nós , inclusive os alunos, conseguem detectar quando um exercício está sendo mal executado ou fora de um padrão de normalidade. Portanto ter o conhecimento do movimento (a boa e velha biomecânica) – principalmente através de vivência prática – resolve bem essa questão. Portanto os cursos ajudam bastante nesse quesito.

2) Erro metodológico: quando se pensa que está treinando uma capacidade mas está treinando outra. Outro exemplo de erro metodológico está na lógica do processo de ensino adotada que pode estar fora do contexto das modernas teorias de aprendizagem motora. Esse erro é o mais sutil e somente outros profissionais da área conseguem identificar. Para soluciona-lo é preciso aprofundar o conhecimento e formatar o treinamento em bases científicas. Portanto os cursos essencialmente práticos não contemplam esse ponto.

Esse é o propósito também de compartilhar este artigo, capacitar os professores e profissionais com informações relevantes para que possam avaliar e fundamentar plenamente seu programa de treino, tendo assim o 2 principais resultados esperados no processo de treinamento: primeiro segurança (baixo índice de lesão) e segundo o aumento de desempenho. Sou partidário sempre que o problema não está nos exercícios ou métodos, mas nos profissionais responsáveis pelo treino.

Forte abraço

(prof. João Coutinho)

J Strength Cond Res. 2013 Mar;27(3):604-10.
Lactate response to different volume patterns of power clean.

PS: Para quem quiser se aprofundar mais sobre a ciência do LPO:
https://treinamentoesportivo.com/index.php/category/lpo/

 

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