Os Perigos do Sissy Squat!
Sissy squat: um ótimo exercício para… lesionar seus joelhos
Dessa vez não podemos nem falar de criatividade! Quando vi os vídeos da galera fazendo o tal sissy squat, nem ao menos consegui achar graça. Na verdade, fiquei foi com um pouco de pânico mesmo! Essa versão do agachamento era usada na pré-história do fisiculturismo, devido à carência de recursos materiais e, principalmente, técnicos. Nela, se faz o exercício na ponta dos pés jogando o tronco para trás, com o objetivo de concentrar a força nos quadríceps.
A primeira questão é: pra que concentrar as forças no quadríceps?
Fazer agachamentos com cargas altas e grandes amplitudes já gera um ótimo trabalho nessa musculatura, tanto que os estudos que comparam agachamentos com cadeira extensora mostram favorecimento do agachamento (Signorile et al., 1994). Além disso, usar exercícios de isolamento não favorece a ativação e nem o ganho de força ou massa muscular, conforme verificado pelo nosso grupo (Gentil et al., 2013; Rocha Júnior et al., 2007). E especificamente sobre o tema, um estudo feito por pesquisadores suecos, demonstrou que o agachamento com a projeção à frente promove justamente uma menor ativação do quadríceps em comparação com a variação tradicional (Kvist & Gillquist, 2001).
A segunda questão é: a que custo?
Quando se faz o movimento dessa forma, aumenta-se muito o risco de lesão devido ao aumento das forças compressivas e à diminuição da coativação da cadeia posterior, a qual serviria justamente para estabilizar o joelho (Li et al., 1999). Para termos ideia, um estudo anterior verificou que fazer o agachamento na ponta dos pés, aumenta em duas a três vezes a tensão no ligamento cruzado anterior (Toutoungi et al., 2000)! Assim, criam-se duas situações potencialmente perigosas para os joelhos sem gerar um trabalho que valha a pena para quem ganhar massa muscular.
Mais tenso é ver isso sendo prescrito e usado por mulheres, que já possuem uma propensão natural a apresentar problemas de joelhos (http://www.gease.pro.br/artigo_visualizar.php?id=245)!
Enfim, muita coisa evoluiu desde que esse exercício foi usado pela primeira vez, ma infelizmente tem coisas que andam para trás…
PS: créditos ao Felipe Quirino que descobriu a “especificidade” desse movimento após uma longa discussão, hehehe. Boa Felipão!
(Paulo Gentil)
Gentil P, Soares SR, Pereira MC, Cunha RR, Martorelli SS, Martorelli AS, Bottaro M. Effect of adding single-joint exercises to a multi-joint exercise resistance-training program on strength and hypertrophy in untrained subjects. Appl Physiol Nutr Metab. 2013 Mar;38(3):341-4.
Kvist J, Gillquist J. Sagittal plane knee translation and electromyographic activity during closed and open kinetic chain exercises in anterior cruciate ligament-deficient patients and control subjects. Am J Sports Med. 2001 Jan-Feb;29(1):72-82.
Li G, Rudy TW, Sakane M, Kanamori A, Ma CB, Woo SL. The importance of quadriceps and hamstring muscle loading on knee kinematics and in-situ forces in the ACL. J Biomech. 1999 Apr;32(4):395-400.
Rocha Junior VA, Gentil P, Oliverira E, Carmo J. Comparação entre a atividade EMG do peitoral maior, deltóide anterior e tríceps braquial durante os exercícios supino reto e crucifixo. Rev Bras Med Esporte. 2007. 13(1): 51-54.
Signorile JF, Weber B, Roll B, Caruso JF, Lowensteyn I, Perry AC. An Electromyographical Comparison of the Squat and Knee Extension Exercises. J Strength Cond Res. 1994. 8(3): 178–183.
Toutoungi DE, Lu TW, Leardini A, Catani F, O’Connor JJ.Cruciate ligament forces in the human knee during rehabilitation exercises. Clin Biomech (Bristol, Avon). 2000 Mar;15(3):176-87.
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