Mulheres e agachamento!
Mulheres e seus joelhos…
O primeiro estudo que publiquei na vida foi sobre mulheres e, desde então, trabalhei bastante com elas, tratando doenças, preparando para competições internacionais ou ajudando a melhorar o visual. Além disso, grande parte das minhas pesquisas recentes são dedicas a elas, inclusive as que acontecem nesse momento. E consequência, vamos aprendendo e entendendo algumas diferenças importantes, coisas que devemos levar em conta na hora de planejarmos nossos treinos, e uma delas é com relação aos joelhos…
As lesões e dores nos joelhos são muito mais comuns nas mulheres do que nos homens, bastaria olhar em volta ou perguntar para as colegas da academia para conferir, mas é sempre bom citar dados: as mulheres chegam a ter cinco vezes mais ruptura de ligamento cruzado anterior, as dores anteriores são três vezes mais frequentes em mulheres, a incidência de artrite nos joelhos é mais que o dobro em comparação com os homens e 75% das artroplastias acontecem nelas (Earl & Vetter, 2007; Baker & Juhn, 2000; Walker, 2012; Boles & Ferguson, 2010; Ivković et al., 2007; Brukner et al., 2006; Lichota, 2003) !! Alguns causas desses problemas são:
1. Anatomia – A anatomia feminina não favorece muito, pois o quadril normalmente mais largo leva a um aumento do ângulo Q, tornando mais comum o geno valgo. Isso faz com que a patela tenha uma tendência a sair lateralmente e aumenta a incidência de desgaste na patela, o que promove maior desgaste das cartilagens e causa problemas como a condromalácia.
2. Hormonios – Concentrações elevadas de hormônio feminino podem ter repercussões negativas na saúde dos tendões, conforme comprovam estudos de pesquisadores dinamarqueses (Hansen et al., 2008; 2009). Segundo eles, as altas concentrações de estrogênio inibem a síntese de colágeno no tendão patelar. Alerta para as jovens e/ou que tomam anticoncepcionais ou fazem reposição hormonal.
3. Ativação muscular – Em uma publicação anterior (https://www.facebook.com/drpaulogentil/posts/598461410173064), falei que as mulheres ativam menos a musculatura posterior que os homens. Em determinados exercícios, a ativação chega a ser um terço da dos homens! E isso é um alerta importante, pois a ativação da musculatura posterior diminui a tensão na patela. Ou seja, quanto menos se ativa a musculatura posterior maior a movimentação da tíbia em relação ao fêmur, o que pode dobrar a tensão no ligamento cruzado anterior, por exemplo (Lee et al., 1999; Markolf et al., 2004).
4. Cotidiano – A moda também não ajuda muito… há mais de 30 anos se alerta para os problemas que a utilização de saltos acarretam na biomecânica da marcha. E recentemente se comprovou que a utilização de saltos promove encurtamento na panturrilha, aumento dos momentos de força anteriores e diminuição dos posteriores nos joelhos (Cronin et al., 2012). Fatores que, associados, predispõe a maior sobrecarga patelofemoral.
5. Treino inadequado…
Ops, o texto ficou grande (tanto que vou colocar as referências nos comentários, logo abaixo), depois continuo… Mas o que o professor precisa saber? Precisa saber que homens e mulheres não são iguais com relação à predisposição de lesões e dores, especialmente, quando tratamos de joelhos. E precisa saber quais as implicações que isso tem para a montagem de treino, em curto e longo prazo…
(Paulo Gentil)
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