Perigos das variações na Cadeira Extensora!

Medicina Esportiva, Treinamento Força

A cadeira extensora foi projetada para se realizar extensão de joelhos, enquanto se está SENTADO nela. Por isso é uma “cadeira”. Mas, quando o exercício começa a ficar difícil, é comum ver pessoas violando a proposta original e se levantando do assento para facilitar o movimento. Como isso não é desejável, existem suportes nas laterais para o executante segurar e manter-se sentado. No entanto, parece que o indesejado virou uma variação do exercício!?

Duas justificativas que se pode vislumbrar para essa variação são problemas para sentar e a tentativa de aumentar o estímulo ao reto femoral, devido a um maior pré-estiramento. Essa segunda ideia seria altamente questionável.

Em primeiro lugar, quando se tira o quadril do banco há menor flexão de joelhos, com perda de amplitude de movimento, especialmente da fase de alongamento. Com a diminuição da flexão de joelhos, também pode-se diminuir o próprio alongamento que se deseja promover no reto femoral, pois ele é biarticular.

Segundo, o reto femoral já sofre tanta microlesão quanto os vastos na cadeira extensora convencional (Prior et al., 2001) e no agachamento (Takahashi et al., 1994) e também há estudos dizendo que ele hipertrofia mais que os vastos na extensão de joelhos (Narici et al. 1996). Portanto, não há tanta razão para isola-lo.

Caso, por algum motivo, o objetivo seja promover pré-estiramento no reto femoral, uma opção seria promover a inclinação ao invés de elevar o quadril, dessa forma, se conseguiria variar a angulação do quadril, sem comprometer a dos joelhos.

Eu sei que, para algumas pessoas, o importante é queimar, sentir, ter foco, determinação, fazer cara feia, xingar, etc. Sei também que essas coisas científicas são desnecessárias e improdutivas para muita gente. Mas, para os mortais que não são imunes (ou até mesmo alérgicos) à Ciência, essa variação não se justifica.

PS: Nada a ver com o assunto, mas quem vocês acham que ganharia a luta entre Lindomar e Neo?
(Paulo Gentil)
Narici MV, Hoppeler H, Kayser B, Landoni L, Claassen H, Gavardi C, Conti M, Cerretelli P. Human quadriceps cross-sectional area, torque and neural activation during 6 months strength training. Acta Physiol Scand. 1996 Jun;157(2):175-86.
Prior BM, Jayaraman RC, Reid RW, Cooper TG, Foley JM, Dudley GA, Meyer RA. Biarticular and monoarticular muscle activation and injury in human quadriceps muscle. Eur J Appl Physiol. 2001 Jul;85(1-2):185-90.
Takahashi H, Kuno S, Miyamoto T, Yoshioka H, Inaki M, Akima H, Katsuta S, Anno I, Itai Y. Changes in magnetic resonance images in human skeletal muscle after eccentric exercise. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1994;69(5):408-13.

 

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