Alongamento no vôlei
Atualmente nos clubes observamos todas as modalidades esportivas iniciando seus treinamentos com um alongamento bastante conhecido pelos praticantes de qualquer atividade física. Durante vários anos em minha prática como preparador físico e na eterna busca do diferencial em condutas físicas que produzissem um alto rendimento de meus atletas e que por sua vez respeitassem seus limites e oferecessem vidas esportivas de melhor qualidade, não me contentava com os alongamentos iniciais e convencionais que realizava todas as sessões de treinamento.
Percebi que a flexibilidade era uma capacidade física deixada um pouco à margem das grandes importâncias no treinamento diário. O convencionalismo nas formas de trabalhar as posturas. A busca do estiramento analítico não satisfazia esta necessidade de novas conquistas no planejamento desta capacidade.
Algo ficava patente, a necessidade de incrementar o conhecimento em estratégias atualizadas e mais eficazes no treinamento da flexibilidade.
A revisão bibliográfica de trabalhos em flexibilidade nos oferta uma imagem muito simplista, na minha opinião, sobre desenvolvimento desta capacidade. Modelos de treinamento que fragmentam o corpo–atleta a cada articulação, ou seja, esta imagem do corpo ser um amontoado de músculo, tendões e ligamentos, acredito não corresponder à verdade. Discursos nada conclusivos, porém em sua maioria, convergem para um nível ótimo de flexibilidade como fator preponderante de uma boa qualidade de saúde para todas as tipologias corporais.
Os atletas em sua carreira estão expostos aos desvios posturais em duas situações: estruturais, que geneticamente estão determinados e os funcionais, relacionados aos gestos específicos e repetitivos da prática esportiva profissional. Sendo estes, os desvios funcionais, responsáveis por patologias conhecidas por várias modalidades. Podendo promover quedas de rendimento em que o fisiologismo pode estar imperando sobre outras questões globais do treinamento. Por exemplo a leitura do corpo–atleta reagindo à inúmeros fatores que estão alterando a sua estrutura, funcionamento, e por fim o rendimento e performance.
Reações das combinações entre força e flexibilidade, encurtamento e alongamento, treinamento e repouso, tensão e relaxamento, etc. Chego à idéia do equilíbrio. Equilíbrio das solicitações desta máquina corpo. Leitura do corpo atleta global.
O atleta deve e merece ser submetido à treinamentos que o enxerguem como um todo. Treinamentos que compensem o desequilíbrio muscular, realinhem o desalinhamento, reorganizem o desorganizado, e promovam o rendimento com saúde ou a mesma saúde que nos trará o desejado alto–rendimento.
Baseado nesta hipótese, venho sugerir estratégias de trabalho que promovam flexibilidade, fortalecimento, alinhamento, organização à este corpo–atleta tão solicitado.
A RPG (Reeducação Postural Global) técnica desenvolvida pelo francês Philippe Souchard que apresenta o SGA (Stretching Global Ativo) como possibilidade de trabalhar a técnica em grupo de atletas promovendo posturas associadas à necessidade do gesto desejado no esporte gerando relações mecânicas diretas entre a descrição das posturas e a necessidade específica do esportista.
O GDS, método de cadeias ósteoarticulares e músculo aponevróticas concebida pela biomecanicista, fisioterapeuta e osteopata Godelieve Denys Struyf. Segundo ela o corpo funciona por meio de grandes circuitos musculares traduzidos por cadeias e cada circuito é um caminho de tensão.
Outra estratégia bastante utilizada atualmente a FNP (Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva), é uma forma de alongamento que usa uma contração isométrica antes do alongamento para que sejam obtidos ganhos maiores em amplitude de movimento. Herman Kabat e suas experiências levaram–no a perceber que os movimentos ocorrem em padrões espirais – diagonais. Esses padrões se assemelham aos gestos esportivos e físicos, provocando reações de alongamento e encurtamento em muitos músculos em graus diversos.
A visão das fáscias, ou melhor fáscia, malha única de tecido conjuntivo formado por essencialmente colágeno e elastina. A elastina determinada e de difícil variação durante a vida do esportista, porém o colágeno e sua síntese dependerá dos estímulos ofertados nos treinos de força e flexibilidade. Podendo este colágeno estar organizado em série ou paralelo, favorecendo um nível de tensão maior ou menor. Sugerindo movimentos esportivos de maior ou menor amplitude. Amplitude esta extremamente necessária em movimentos explosivos.
Muitas outras estratégias de trabalho que estão surgindo, sendo desenvolvidas, estudadas, comprovadas deverão fornecer contribuições importantes na organização e planejamento de treinamentos.
Concluo que as estratégias de trabalho estão disponíveis, as universidades estão desenvolvendo condutas que estão auxiliando cada vez mais na ampliação do repertório de treinamentos que poderão ser ofertados aos atletas de alto nível. O profissional do esporte deve estar se atualizando cientificamente a todo momento e individualizando ao extremo os treinamentos, pois em uma equipe esportiva o técnico ou preparador físico recebe em suas mãos atletas de várias idades, de vários históricos de trabalhos diferenciados, e principalmente cada atleta é um corpo–atleta diferente e certamente solicitará leituras e orientações diferentes.
.: Fábio Correia , Preparador Físico Banespa/São Bernardo desde 1995
.: Bacharel em Esporte pela USP
.: Integrante da equipe de preparação física da seleção feminina de voleibol
.: fabiocorreiapf@yahoo.com.br
One thought on “Alongamento no vôlei”
ótimas sugestões, o alongamento tradicional não evita desvios posturais o que mais atinge jogadoras de volei.
gostaria muito de treinar volei mas tenho um desvio de coluna por jogar volei(só por lazer)mesmo alongando e aquecendo antes da partida.